quarta-feira, 28 de julho de 2010

Admirável gado novo!

Nasce em Brejo do Cruz - PB no terceiro dia do décimo mês do ano de 1949 José Ramalho Neto. Hoje 61 anos depois e já conhecido como Zé Ramalho ele empresta (mesmo que sem ter ciência) uma de suas músicas para ser analisada aqui no musicaos. Antes de revelar de qual música se trata (apesar de desconfiar que vocês já sabem) vou desmistificar para vocês uma lenda que cerca uma outra música sua (aliás o que não falta nas músicas deste poeta é mistério). Avôhai. Muito se fala a respeito da música em que o Avôhai (1977) é Raimundo avô de Zé Ramalho que foi homenageado pelo cantor, nada mais justo. Porém muitos outros falam essa história não é verdade e que o próprio Zé Ramalho já haveria negado essa lenda. Pois bem caro leitor, o velho de botas e barbas longas que cruza a soleira é mesmo o seu Avô Raimundo, seu avô e pai. Seu Avôhai. você pode conferir a informação no site oficial do artista clicando aqui. E já que estamos falando em lenda sobre as músicas de Zé Ramalho aqui vai mais uma; existe uma história que a canção composta por Zé chamada "força verde" (do disco de mesmo nome lançado em 1982) foi toda retirada das orelhas (aqueles quadrinhos que narram as histórias dos gibis) de uma história em quadrinho de Hulk. Isso mesmo, Hulk. existem boato de que Zé Ramalho (fã assumido de quadrinhos) teria assumido ter "copiado" a poesia do Irlandês W. B Yates e só não teria dado crédito, pois não saberia como fazer para incluir o nome do "parceiro" a versão em português foi publicada no Brasil em 1972 no gibi Hulk #1 publicado pela GEA. Outra versão (parecida) que se comenta é que o cantor teria achado a poesia sem créditos na história do incrível Hulk (¬¬). Essa eu realmente não sei. não há nada a respeito no seu site oficial (rs).
Enfim, a música de hoje não é Avõhai e nem Força verde. Hoje falaremos de "admirável gado novo" música, inpirada no livro Brave new world escrito em 1932 por Aldous Huxley. O livro faz uma reflexão a respeito de uma sociedade que vive num hipotético (deveria colocar aspas) futuro onde as pessoas são conduzidas (como gado) a viverem em harmonia numa sociedade organizada por castas os valores religiosos e conceito da família não existe (achou familiar?). A músicaexplodiu em 1997 devido a inclusão da canção em Rei do gado, novela da TV Globo.
Essa música me chama atenção, sempre quis colocá-la aqui, mas só agora resolvi postar. a letra como um todo (na minha opinião) se refere ao prazer e a necessidade em que a massa alienada tem de pertencer a essa mesma massa, de poder ser, de certa forma dominada pelo "sistema" consumindo tudo o que o capitalismo selvagem nos oferece. Tá, eu sei, pareceu meio discurso de socialista clichê, mas não encontrei outra forma de expressar claramente o que percebo na letra, pois vamos deixar as metáforas com Zé Ramalho. Então para resumir essa minha percepção o refrão é perfeito "vida de gado, povo marcado, povo feliz". Tratados como números pelo "sistema" (xi... lá vem o comunista socialista, esquerdista, anarqusita...) andando em linha reta cegos pela própria alienação o povão é feliz porque te um número de CPF, RG e tantos outros documentos que permitem a massa fazer parte de uma sociedade, que os permite ter crédito na praça e comprar a perder de vista. "30, 60, 90 ,120 dias pra pagar!" "Quer pagar quanto?" "Quer pagar quando?"


Admirável gado novo (Zé Ramalho)

Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber...

E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado
Êh!
Povo feliz!...

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal...

E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou...

Êeeeeh! Oh! Oh!

Vida de gado
Povo marcado
Êh!
Povo feliz!...

Oooooooooh! Oh! Oh!
O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela...

Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se pode flutuar
Não voam nem se pode flutuar
Não voam nem se pode flutuar...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado
Êh!
Povo feliz!...

ouça admirável gado novo aqui

Obrigado a todos, abraços , comentem e voltem sempre.