terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O homem e seu desengano.

Tito Lívio nasceu no bairro da Várzea, Recife, no dia 20 de abril de 1957. Começou a tocar violão, cantar e compor ainda na adolescência. Participante do movimento musical pernambucano desde fins da década de 70. Compositor respeitado no meio musical, Tito Lívio teve suas músicas gravadas por cantores como Alceu Valença (Arreio de Prata), Elba Ramalho (Lua Viva), Desengano (Zeca Baleiro), Santos Peregrinos (Alcymar Monteiro), entre outros.
Tito possui dois discos solos gravados: "A Fala", 1990, pela Polydisc e "Feito Pra Tocar No Rádio", 2009, com patrocínio do Funcultura, que recebeu calorosas e positivas críticas publicadas nos três grandes jornais da cidade, e que conta com as participações especiais de Alceu Valença, Elba Ramalho, Dominguinhos, Cezinha do Acordeon, Beto Hortis, Liv Morais, entre outras.

A canção escolhida para este post chama-se desengano, recentemente gravada por Zeca Baleiro no seu disco "concerto" (2010). A meu ver a música conta um desabafo de um sujeito de meia idade (possívelmente um músico rsrs) que ao ver as manifestações da juventude atual, se recorda da juventude de sua geração e em todos os sacríficios e loucuras que fez em prol de um ideal. Bem, vamos a letra da canção e a volta das letrinhas vermelhas!

Desengano
(Tito Lívio / Lula Côrtes)


Toda vez que olho o desengano
Nas frases do canto fosco dessa juventude
Vejo meu sorriso magro,
Meu corpo suado se encarquilhar
E quando franzo a testa,
E sério suo o rosto cor de madrugada
E quando me deprimo e curvo os ombros pra pensar


(Desengano é franqueza sinceridade, o autor recorda-se do tempo em que era seu o canto fosco e mal ouvido e percebe que envelheceu ("sinto meu sorriso magro, meu corpo suado se encarquilhar") porém as lembranças trazem de volta o ideal de sua juventude deixando-o inquieto ("E quando me deprimo e curvo os ombros pra pensar")


Penso nos martírios,
Todos os delírios loucos que vivenciamos
E vejo por quanto anos nos aventuramos querendo voar
Voar pra sair de perto,
De todo deserto desses abandonos,
E constatando o desengano se despedaçar.



(Os sacrifícios e atitudes consideradas fora do padrão, a rebeldia em nome de uma causa, ou talvez a própria causa. No entanto o autor entende que sua causa fora derrotada ("E constatando o desengano se despedaçar"). É como se ele já não devesse mais acreditar


Desfeito em pedaços,
Sigo no encalço desse sonho
Vejo meu sorriso magro,
Coração amargo se atrapalhar
Quando franzo a testa,
E sério suo o rosto cor de madrugada
Quando abro os olhos, olhos claros para o mar.


(Mas mesmo vendo sua ideologia cair por terra, ele insiste em "lutar" por ela. E então existe um conflito de emoções ("Vejo meu sorriso magro, coração amargo se atrapalhar")


Então é  isso meus queridos, espero ter sido claro e que vocês possam comentar e também contemplar suas opiniões a respeito. Ouçam a música abaixo e não deixem de comentar.


Um forte abraço e até a próxima.





Para ouvir outras músicas de Tito Lívio clique aqui.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Camila Camila

Salve galera! Depois de muito, muito, mas muuuito tempo de espera o blog finalmente foia atualizado. Vamos considerar que o #MusiCaos estava de férias ^^. Pois bem, o post de hoje é curto porém necessário. Abordaremos a violência contra mulher. A mulher sofre violência doméstica desde os primórdios da sociedade e ainda nos dias atuais. Várias medidas foram tomadas a respeito com o passar dos anos, a principal delas a lei  nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como lei Maria da Penha. A música de hoje é Camila Camila do Nenhum de Nós a primeira (e talvez única) banda de rock a abordar a violência contra a mulher nas letras de suas músicas. É interessante que a letra é um história contada em primeira pessoa (ou seja a própria Camila a conta) ,  coisa pouco comum no rock, porém muito comum de se ver nas letras de Chico Buarque. Enfim, vamos a letra:


Camila Camila
Nehum de Nós
Composição: Carlos Stein / Sady Hömrich / Thedy Corrêa

Depois da última noite de festa
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
As coisas aconteciam com alguma explicação
Com alguma explicação

Depois da última noite de chuva
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
Às vezes peço a ele que vá embora
Que vá embora

Camila
Camila, Camila

Eu que tenho medo até de suas mãos
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega

E eu que tenho medo até do seu olhar
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega

A lembrança do silêncio
Daquelas tardes, daquelas tardes
Da vergonha do espelho
Naquelas marcas, naquelas marcas

Havia algo de insano
Naqueles olhos, olhos insanos
Os olhos que passavam o dia
A me vigiar, a me vigiar

Camila
Camila, Camila

E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava a minha cabeça pra tudo
Era assim que as coisas aconteciam
Era assim que eu via tudo acontecer






Então é isso pessoal. Abraço a todos e não deixem de comentar.